Caras e Caros Colegas Educadores Municipais
Em nome da APROFEM, eu vos saúdo, transmitindo a grande honra e satisfação que experimentamos ao aqui acolhê-los, com o compromisso de assegurar oportunidades de ampliação da bagagem cultural e profissional de cada um, a partir das conferências e debates formatados sobre o tema deste Congresso, e que ocorrerão sob a responsabilidade de profissionais de nomeada, que se dispuseram a compartilhar conosco excertos do seu conhecimento, da sua experiência e da visão crítica sobre o momento atual.
O tema do nosso XVI Congresso, DESAFIOS PARA A EDUCAÇÃO - CIDADANIA E AS MANIFESTAÇÕES DEMOCRÁTICAS, advém da perspectiva de estratégia da atuação da APROFEM, dentro de um contexto mais amplo. Não por coincidência, e precedendo o anúncio, pela Prefeitura, do Programa de Reorganização Curricular e Administrativa do Ensino Municipal, a APROFEM programou inúmeros cursos, presenciais e a distância, com temática direcionada para o escopo maior da Educação: o Ensino de Qualidade e a preparação do educando para o exercício consciente e responsável da cidadania. O mais recente e emblemático é o atual EAD oferecido pela APROFEM, com atuais 14.386 filiados inscritos e acessando, à distância, conteúdo relevante e atual versando sobre "Temas Transversais no Corpo da Lei de Diretrizes e Bases - Conceito e Operacionalização".
Ao debruçarem-se sobre assunto tão relevante e atual, como desafiador e complexo, os educadores municipais recordar-se-ão de postulados fundamentais contidos na legislação educacional brasileira e que, conjunturalmente, permanecem rigorosamente atuais. Como a lembrança, contida nos Parâmetros Curriculares, de que "a educação para a cidadania requer que questões sociais sejam apresentadas para a aprendizagem e a reflexão dos alunos, buscando um tratamento didático que contempla sua complexidade e sua dinâmica, dando-lhes a mesma importância das áreas convencionais". Essa abordagem, à luz da transversalidade e da interdisciplinaridade, para uma implantação efetiva, constitui um dos nossos desafios.
Nesse interregno de planejamento, ocorreram as manifestações democráticas e populares, em junho passado, com intercorrências e efeitos não integralmente apreendidos. A APROFEM, conhecedora do compromisso como agente público e da excelência na formação de cada Profissional de Educação municipal (diga-se de passagem, só não reconhecidos pelo atual Prefeito e seus antecessores próximos), de pronto elegeu essas emblemáticas manifestações como pano de fundo para refletirmos, nesse Congresso, sobre como contribuir para a melhoria da Qualidade da Educação, sem descurar da Inclusão e de outras especificidades relevantes. Afinal, o assunto Manifestações Democráticas reveste-se, de forma ímpar, dos condicionantes previstos para a definição de um tema transversal: a urgência social, a abrangência nacional, a possibilidade de ensino e aprendizagem no ensino fundamental favorecer a compreensão da realidade e, finalmente, a expectativa da participação social.
A partir das manifestações, alguns nomes e siglas dominaram o imaginário popular: MPL (Movimento Passe Livre), Mídia Ninja, Black Blocks etc.
A população, inicialmente incrédula, rapida e majoritariamente passou a apoiar os manifestantes. Os governantes, despreparados e atônitos, apressaram-se a recuar de algumas posições e a criar factóides e expectativas, evidentemente destinadas ao esquecimento.
O exemplo aflorou e o entusiasmo se espalhou dentre os jovens. O exemplo mais divertido, nem por isso menos significativo, foi o relato de crianças de uma escola particular que se mobilizaram, em protesto, contra os preços praticados na cantina da escola.
Nas escolas de nomeada e nos cursinhos pré-vestibulares/ENEM, o tema passou a ser estudado prioritariamente, prevendo a sua cobrança nas redações e questões sobre atualidades. E na escola pública? E na nossa Rede?
Na abertura deste Congresso, apresentaremos um artigo que ilustra bem o sentimento crítico de muitos brasileiros. Publicado no Estadão no dia 11 de setembro, de autoria de José Neumanne, é intitulado "JUNHO ACABOU NO SÁBADO" (referindo-se ao 7 de Setembro).
Longe de nós pretender, ainda que subliminarmente, passar um sentimento de conformismo ou de desolação. Pelo contrário, a nossa mensagem pretende ser de otimismo, confiança no futuro a partir do nosso trabalho com os nossos educandos, analisando e inferindo textos e informações no decorrer de nossas aulas, numa perspectiva interdisciplinar.
O próprio tema do nosso Congresso desvela: um desafio nosso na Educação Municipal é a busca da cidadania, na sua plenitude.
A nossa mensagem final é a seguinte: "Raras vezes o Brasil foi sacudido de forma tão impactante quanto pelas manifestações populares de junho. Não acreditamos que elas perderão força e cairão no esquecimento. As consequências poderão ser decisivas na definição dos resultados eleitorais do próximo ano, inclusive na eleição presidencial . Reflitam sobre isso!