Geral - 09/08/2016
Senhor Editor-chefe da Revista Veja.
O texto de autoria do senhor Cláudio de Moura Castro, intitulado "Professor ganha mal?", publicado na Revista Veja, edição de 27/07/2016, ao tratar a exceção como regra, peca, no mínimo, por sua extensão subliminar a todos os professores do magistério público, face às críticas nele contidas e relacionadas aos integrantes dessa valorosa categoria profissional. Em seu discurso, diversas críticas e mirabolantes cálculos apresentados - frutos de sua formação acadêmica - voltam-se aos professores da Educação Básica.
Para sermos breves em nossa manifesta indignação, do rosário de críticas por ele feitas em seu artigo, destacamos apenas duas: a patética insurgência, ainda que sutil, contra a Aposentadoria Especial do Magistério e, do seu Olimpo, uma acusação que beira o crime de difamação, ao apontar que, mercê da própria estabilidade, os professores "com completa impunidade, podem ser péssimos a vida toda. Ao fim do segundo ano, já se sabe quem não nasceu para a sala de aula. Pela lei, os profissionais podem ser dispensados. Mas ficam praticamente todos".
Senhor Editor-chefe, urge lembrar o citado articulista de que em todas as categorias profissionais, inclusive aquela da qual ele faz parte, há bons e maus profissionais. Seria oportuno que ele tivesse uma atitude proativa e descesse à baixada do Olimpo, onde os Profissionais da Educação participam de uma permanente olimpíada, a do quotidiano escolar, sucumbindo, às vezes, com a própria vida!
Difícil entender como uma pessoa tão bem preparada, com uma visão crítica agudíssima, que localiza com precisão cirúrgica problemas e enigmas existentes nos setores públicos que resolve acompanhar, leva à mídia uma crítica notadamente difamatória aos integrantes de uma categoria profissional.
Difícil entender como uma pessoa, que ostenta um curriculum marcado por realizações/participações intelectuais de âmbito nacional e internacional, generaliza o que é exceção, que não divulga com igual veemência crítica, os resultados positivos obtidos e/ou projetados por professores, sejam aqueles relacionados a aspectos cognitivos, sejam aqueles relacionados a aspectos socioafetivos do educando.
Quanto aos Sindicatos, estes não têm a "caneta nas mãos". Na condição de representantes de servidores do setor público do Município de São Paulo, cabe-nos dizer-lhe que os Sindicatos, por natureza, são porta-vozes das necessidades e anseios de seus representados em instâncias de diferentes setores da Administração Pública.
Por fim, Senhor Editor-chefe, cremos que o articulista não sabe o quão difícil é trabalhar no pantanal da baixada do Olimpo. Que tal ele descer aqui para lecionar como um Professor da Educação Infantil ou do Ensino Fundamental e Médio? Sua primeira dificuldade será a de escolher onde, com que jornada e em que turno trabalhar. Muitos deuses desceram, mas voltaram correndo para o Olimpo.
Com a expectativa da acolhida e divulgação deste libelo, bem como do seu pronto encaminhamento para conhecimento do articulista envolvido, subscrevemo-nos,
Prof. Ismael Nery Palhares Junior
Presidente da APROFEM
Sindicato dos Professores e Funcionários Municipais de São Paulo