Notícias - 08/09/2020
VIVA A NOSSA LIBERDADE
Tudo começou num piscar de olhos. Exatamente, em março de 2020. Milhares de pessoas adoecendo ao mesmo tempo e a medicina tentando descobrir a causa. Hospitais lotados, pessoas apresentando vários sintomas, ... Enfim, o caos havia se espalhado pelo mundo todo.
Mudanças em nossos planos de vida, como o isolamento social, foram a única maneira encontrada pelos profissionais da Saúde, com ajuda dos nossos governantes, para amenizar a situação, tanto em âmbito nacional como internacional. Não estávamos preparados para combater esse inimigo mortal.
Dia após dia, ficamos cada vez mais amedrontados e sem termos noção do que poderia acontecer com as nossas vidas. Rapidamente o medo instalou-se entre as pessoas.
Entretanto, através das tecnologias fomos descobrindo meios para sobrevivermos. A família, os amigos passaram a se tornar mais importantes em nossas vidas; fomos descobrindo o verdadeiro valor das pequenas coisas, das palavras, dos gestos à distância, dos sentimentos.
Tínhamos notícias uns dos outros através de aparelho celular móvel que, usualmente utilizado pelas pessoas, facilitou-lhes, sobremaneira, a comunicação, seja através de mensagens de WhatsApp, chamadas de vídeo, digitação de textos, entre outros recursos.
Os noticiários pela TV tomaram conta de todas as programações e os nossos entretenimentos precisaram ser revistos, já que nos encontrávamos confinados cada um em seu cantinho, em sua moradia, estagnados diante do turbilhão de imagens mostradas pela mídia, sem que tivéssemos tempo de assimilar a devastadora extensão da doença COVID-19, nome científico para o flagelo que estávamos vivendo. A Organização Mundial da Saúde veio a público e reforçou a questão!
Entramos em colapso nos atendimentos médicos, emergências e sistema de saúde de uma maneira geral.
A cada minuto, uma vida perdida para a doença. Uma corrente de solidariedade foi se formando ao redor do mundo, pois precisávamos acreditar nas habilidades e competências dos pesquisadores na área da ciência. Em todos os cantos do mundo, uma questão difícil de lidar: a velocidade com que o vírus que se propagava.
Hospitais de Campanha foram construídos num curto espaço de tempo, em quantidade necessária e suficiente; contudo, todos os dias, as notícias vinham, abalavam-nos, deixando-nos em pura comoção.
Momentos angustiantes estávamos vivendo, pois, mesmo com auxílios médicos, a situação não conseguia se estabilizar.
Estudos e mais estudos estavam sendo feitos em prol da debelação desse vírus. O foco do momento: cada vez mais, apontavam-se fatores da existência dele em locais diferentes e agindo sob forma de mutação em cada organismo humano.
Era preciso investigar mais sobre isso; mas, a corrida contra o tempo era primordial porque, a essa altura, a porcentagem de mortalidade crescia, independentemente de raça, religião, idade ou sexo. A descoberta de uma vacina seria uma única solução!
Parceria, uma alternativa emergencial para conter a propagação. O poder político de cada país no controle do problema e a rápida solução contribuiriam na ajuda do que ainda tínhamos que passar.
Imersos em pensamentos, acompanhávamos a contagem das vidas perdidas ou das recuperadas, bem como as orientações relativas ao que tínhamos de nos submeter para não sermos infectados.
Estávamos diante de uma sucessão de acontecimentos a provocar inúmeros sentimentos e o surgimento de novas doenças no ser humano por se ver aprisionado nessas condições.
Uma nova era se despertando, emocionalmente marcada, e trazendo uma inovação vocabular que passou a fazer parte do nosso cotidiano: "Lockdown"; a mais ouvida: Achatar a curva; Assintomático, Pandemia, Quarentena, Transmissão comunitária ou sustentável e tantas outras usadas na área da medicina das quais já tínhamos ouvido falar, mas não sabíamos o quanto eram importantes para o nosso conhecimento.
Em tão pouco tempo, íamos aprendendo lidar com a situação ou, às vezes, sem perceber, entrando em pânico total, tornando as nossas vidas vazias, tediosas e amargurantes.
"Lives", foram aparecendo e tornando nossos momentos mais prazerosos através das músicas e apresentações. Profissionais nos mostrando como poderíamos transformar, como num passe de mágica, a rotina do nosso dia. Dons culinários foram surgindo e, junto à família, nossas refeições ganharam mais apreço.
O cenário estava mudando ou quase isso. Desafio lançado e nós, diante de tantas mudanças no âmbito familiar, no trabalho, com os amigos, com a sociedade ... Cabia a cada um de nós saber como agir para entender os acontecimentos.
Tranquilidade, como?
O tempo passando e nossas finanças indo "pro ralo". Entrávamos em desespero só de pensar o quanto seria complicado não conseguir manter mais nosso padrão de vida.
Um quadro alarmante, então, ia tomando conta de nós por não termos previsão de quando tudo ia passar ou amenizar. Afinal: como conter despesas ou, até mesmo, partilhar um pouco do que tínhamos?
Vieram as perturbações noturnas, perdas do sono e agitações. Famílias e mais famílias prejudicadas porque não mais conseguiam segurar seus empregos; dificuldades em comprar alimentos e as moradias comprometidas, alugadas ou próprias, devido à quebra do orçamento familiar.
Víamos, das nossas janelas, a tristeza do mundo. Um dia o sol brilhava; outros dias, a tempestade com vento e chuvas invadindo o íntimo de cada um de nós. Esperávamos ansiosos por notícias sobre a vacina contra esse vírus, já que os meios de proteção, como isolamento e usos de máscaras, se precisássemos sair, era o recomendável para o momento.
Estávamos o todo tempo em expectativa, até a descoberta dos testes rápidos ou mais detalhados, apontando porcentagens da propagação. Um passo adiante, pensávamos positivo e acreditando haver, na medicina, uma enorme chance para proteger nossas vidas.
Enquanto isso, os países foram se mobilizando e montando estratégias de auxílio à população. O Brasil, com maior número de infectados, acompanhando a curva crescente junto a outros países.
Nossa Pátria amada clamava por socorro às Entidades competentes. Íamos seguindo conforme determinação dos governantes e órgãos da Secretaria de Saúde, abraçando a causa sem medir esforços na luta por dias melhores.
E assim caminhávamos à deriva, mergulhados em sentimentos profundos e terrivelmente abalados diante de toda a situação. Queríamos respostas rápidas, mas o tempo foi passando e, quando nos demos conta, estávamos nesse impasse havia meses ou, melhor dizendo, há quase um ano, sem poder avaliar o quanto mais precisaríamos permanecer isolados e voltarmos a ter a nossa liberdade.
Um índice menor de propagação da pandemia começava apontar, devido a inúmeros controles pelos órgãos governamentais e da Saúde. Ainda não podíamos vislumbrar com tranquilidade a volta às nossas atividades e rotinas. Aos poucos, íamos ganhando estabilidade da situação e, juntos, colaborando para reverter o quadro de infectados.
O fato de estarmos com nossas vidas ameaçadas, mas sem perdermos a esperança de vencer essa grande batalha, fazia com que todos os momentos se tornassem essenciais e únicos.
Sonhávamos acordados para não perdermos tempo com a vontade de sair abraçando as pessoas, amigos e a nossa família. Momentos de muita reflexão sobre a vida ... Quantas conquistas e quantas perdas em tão pouco tempo, num mesmo cenário! Ah! quanta fragilidade em cada um de nós! Semanas e mais semanas vivendo nesse contexto, com notícias boas e ruins a acompanharem nossa trajetória de vida.
Vacinas testadas e a esperança de podermos resgatar nossos momentos com mais tranquilidade. Voltar à rotina, eis a questão crucial; mas, sempre, na certeza de que todo cuidado seria pouco para nossa existência.
Minha vida também sofreu muitas mudanças e, aqui, expresso meus relatos desse período que tanto nos abalou. Por mais que eu quisesse ser forte e enfrentar a situação diante de tantos acontecimentos, foi nesse triste cenário que descobri que, em algum lugar, um serzinho de quatro patas passava por terrível situação.
Abraçar todas as causas, impossível; mas, fazer algo por alguém, por ele, Billy, meu cãozinho, que ganhou esse nome por mim, era muito mais que sentimento: era, sim, puro amor!
Minha família aumentou e minha casa ganhou um novo cenário. Juntos, em nosso cotidiano, fui aprendendo coisas das quais nunca poderia imaginar. Billy, participando de tudo, querendo atenção e nós ganhando a atenção dele, também. Uma fusão de sentimentos ganhou espaço em meu lar, pois ainda permanecíamos em quarentena. Saídas emergenciais. Billy, na medida do possível, nos acompanhando. Assim, no dia a dia, fomos buscando a felicidade, apesar de tantas perdas nesse mundo de meu Deus!
Seguíamos nossas vidas, vivendo cada momento e deixando o futuro para depois. De uma coisa tenho certeza: o que estávamos passando não iria ser para sempre; o fim estava bem próximo. Na companhia do Billy, aprendíamos ter mais paciência e aguardar sábias decisões.
Tão logo acolhemos o Billy, procuramos cercá-lo de cuidados, levando-o a uma clínica veterinária, sempre que necessário.
Os dias iam seguindo e nós, atentos às notícias de controle da situação. Datas previstas para vacinação iam sendo mostradas, mas as pesquisas continuavam para garantir a eficácia da medicação.
Fui seguindo lentamente os meus relatos, diante dos noticiários. Às vezes a insegurança pairava sobre mim fazendo-me dar um tempo para voltar a escrever.
Na verdade, queria pôr um fim nessa história com um desfecho positivo diante de tudo que havíamos passado; porém refleti que a extensão do problema ia persistir, ora sendo atenuada, ora sendo controlada, até a sua extinção.
Quando será isso, não sei!
Não sabemos!
Então, vamos seguindo adiante e vivendo a nossa liberdade no contexto atual, na medida do possível de cada um de nós.
PROFª MARIA IVONE OLIVEIRA DA SILVA
Aposentada pela S.E.E. 2015 e PMSP em 2017.
Disciplinas: Língua Portuguesa e Inglesa